Grupos Brandão e Barroso se encontram (e se estranham) no povoado Duas Irmãs…

Foi em clima de Fla-Flu que os grupos Brandão (foto acima) e Barroso (foto abaixo) se encontraram ontem (29) em uma cavalgada no povoado Duas Irmãs, na zona rural de Colinas. De um lado o empresário Marcus Brandão, ao lado da prefeita Valmira Miranda e do pré-candidato a prefeito Renato Santos e de centenas de outras lideranças; e do outro o deputado federal Márcio Jerry, ao lado do vice-prefeito e pré-candidato a prefeito João Haroldo e de meia dúzia de apoiadores.

Adversários históricos na política colinense, as duas famílias de uniram em 2014 quando um dos irmãos Brandão, o hoje governador Carlos, foi indicado companheiro de chapa de Flávio Dino. A aliança foi sacramentada em 2016 com a eleição de Valmira e João Haroldo para prefeita e vice, respectivamente, e reafirmada em 2020 com a reeleição.

Quando se uniram em 2016 para derrotar o então prefeito Antonio Carlos que tentava a reeleição e de quem a família Barroso era aliada, tendo inclusive o hoje vice-prefeito João Haroldo como secretário de Esporte, os Barroso afirmam que teriam feito um acordo com os Brandão para que o candidato em 2020 fosse João Haroldo. Uns tolos se acharam que Valmira e o grupo Brandão abririam mão do direito de reeleição.

Com ou sem acordo, Valmira não só não abriu mão da reeleição como João Haroldo topou sair de seu vice de novo. O deputado federal Márcio Jerry, líder dos Barroso, afirma que para a aliança ter se mantido em 2020 o acordo de 2016 foi refeito e todos saíram com a promessa de que João Haroldo seria ungido à condição de candidato em 2024 com o apoio da prefeita Valmira e de todo o grupo Brandão, inclusive do governador Carlos Brandão. Os Barroso afirmam que o ex-governador e agora ministro do STF, Flávio Dino, teria sido testemunha ocular desses acordos.

Recadinhos do coração

Constantemente membros da família Barroso afirmam aos quatro cantos que o acordo feito em 2020 será cumprido. E toda essa certeza, segundo eles, vem de uma imposição do ministro do STF, Flávio Dino, principal testemunha do tal acordo. Dino, segundo eles, no tempo certo e ao seu modo vai chamar todos e impor o que teria sido acordado. Em recente entrevista num podcast local, o ex-prefeito colinense Zé Henrique Brandão afirmou que não aceitará imposição de quem quer que seja e que Renato Santos será sim o candidato a ser apoiado por todo o grupo.

Em réplica ao recado de Zé Henrique, o deputado federal Márcio Jerry deu entrevista no blog do jornalista John Cutrim e reafirmou o tal acordo. Disse que além de Dino, o governador Carlos Brandão também foi testemunha. E Jerry foi além: ele disse que como político, Brandão sabe o valor dos acordos e da palavra dada. Foi tipo uma ameaça.

A contraofensiva dos Brandão veio ontem (29) lá no povoado Duas Irmãs. O empresário e presidente estadual do MDB, Marcus Brandão, irmão do governador e cabeça política do grupo, mandou seu recado, cujos alvos estavam há poucos metros de distância. Ele discursou, dançou e cantarolou sobre amizades, sinceridade e fidelidade. Numa moitinha de gente quase que ao lado Márcio Jerry deve ter ouvido tudo.

Colinas | irmão de Brandão fala sobre conversas com grupo de Jerry e afirma: ‘De cima pra baixo não dá’

O pecuarista e empresário José Henrique Brandão, irmão do governador Carlos Brandão (PSB), revelou nesta quinta-feira, 27, detalhes de diversas conversas havidas entre seu grupo e o do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) a respeito de disputas políticas envolvendo Colinas.

As duas principais alas governistas da cidade devem marchar separadas na eleição deste ano, após os Brandão anunciarem a pré-candidatura do vereador Renato Santos, enquanto os Barroso optaram pelo nome de João Haroldo, atual vice-prefeito.

Em entrevista ao podcast do jornalista Marco Júnior, ao lado da atual prefeita, Valmira Miranda, José Henrique disse desconhecer qualquer articulação pela obrigatoriedade de seu grupo apoiar um nome indicado por Jerry e seus aliados. Segundo ele, “de cima para baixo não dá”.

“A população também não pode ver, de cima para baixo, uma obrigatoriedade de apoiar um candidato. Por mais que a gent tenha uma boa relação com o deputado Márcio Jerry, uma boa relação com o ex-governador, atual ministro do Supremo, Flávio Dino, a gente também não pode se submeter. Eu, honestamente falando, gosto muito, mas para a gente, também, se submeter a uma obrigatoriedade, não dá. A gente tem que ter respeito, a gente tem que ter entendimento entendimento, e a gente tem que tratar as pessoas com civilidade, com respeito. Então, neste momento, a gente amenta muito, mas de cima para baixo, não dá. Quem decide isso é o povo. E o povo está decidindo por Renato [Santos]”, declarou.

O líder político também citou momentos da história política recente do município em que os Brandão renunciaram a candidaturas em prol de projetos em conjunto com os Barroso. Em 2015, segundo ele, quando Flávio Dino era o governador, seu grupo ofereceu apoio a uma possível candidatura de Regia Barroso, irmã de Márcio Jerry, na eleição de 2016. Depois, em 2022, com Carlos Brandão já governador, a família demoveu Orleans Brandão, atual secretário extraordinário de Assuntos Municipalistas, da ideia de ser candidato a deputado federal para apoiar a reeleição de Jerry.

Apesar do iminente rompimento, José Henrique não descartou uma recomposição, e até pediu “entendimento do companheiro Márcio”.

“A gente soube, lá atrás, renunciar candidaturas, renunciar projetos por Colinas. Este momento, a gente não pode abrir mão de um projeto de Colinas nós temos um grupo todo apoiando o nosso candidato, que é o Renato [Santos]. Então quero, de público, o entendimento do companheiro Márcio [Jerry], que ele tenha sensibilidade de entender que isso aqui não é projeto pessoal, não é ambição. Já mostrei que eu deixei de ser candidato a prefeito, com aprovação de 80%, por duas vezes, deixei por um projeto, por Colinas, não tenho esse foco, essa ambição, essa obsessão. Então, até peço a ele que tenha essa compreensão, que o momento agora é do Renato. A população aprova, ele tá bem avaliado, os vereadores aprovam, tem a parceria do governo”, completou.

E arrematou: “Mas a decisão cabe a ele, é a democracia, fique à vontade e quem vai decidir no futuro é o povo”.

(Blog do Gilberto Léda)

NOTAS DE RODAPÉ

Fim da aliança I

Chegou ao fim a aliança de oito anos entre as famílias Barroso e Brandão em Colinas. Iniciada em 2016 quando Valmira foi eleita prefeita e João Haroldo vice e renovada em 2020 com a reeleição dos dois, os Barroso, sob a liderança do deputado federal Márcio Jerry, esperavam ser ungidos à cabeça de chapa nas eleições deste ano. Confiavam num tal acordo celebrado lá em 2016, segundo eles, no Palácio dos Leões sob as bençãos (e papada) de Flávio Dino. Acordo que os Brandão negam existir.

Fim da aliança II

Com o fim da aliança política entre os dois maiores sobrenomes da política colinense, espera-se agora uma onda de demissão de centena de parentes e amigos da Barrosada ocupantes de diversos cargos tanto na prefeitura quanto no governo estadual. Estima-se que mais de 150 no total.

A primeira degolada

Comenta-se na cidade que a primeira degola se deu sob o pescoço de uma sobrinha de Márcio Jerry que ocupava até ontem um cargo na maternidade estadual em Colinas.

Mais degolas

Se confirmado o fim da aliança entre os BB, a próxima a cair deve Lene Rodrigues, esposa de Márcio Jerry e titular da obsoleta Secretaria das Cidades.

Efeito dominó

Além de Lene Rodrigues, outros parentes de Jerry ocupam cargos em várias outras Secretarias e Órgãos do Estado, a exemplo do irmão Silas Barroso que tá lá na SINFRA desde a ascensão do irmão ao poder em 2015. Deve tombar também.

Bloco do eu sozinho

Agora querendo ou não João Haroldo será candidato a prefeito. O problema maior vai ser a formação de um grupo político com alguma consistência e viabilidade. Isso porque dos 13 vereadores da Câmara Municipal pelo menos 8 vão apoiar Renato Santos e dois deles, Gonçalo Neto e Liminha, não vão disputar a reeleição. Renato só não vai ter o apoio de Stênio Madeira e Régia Barroso, que vão apoiar seus irmãos Shâmia e João Haroldo, respectivamente. Também seria demais se tivesse, né? 😃

Pesos pesados

Ah, João Haroldo deve contar também com o apoio dos pesos pesados Devas Damasceno e Professor Adalberto. Se não em votos, mas pelo menos em volume corporal.

Espoca urna

Além de Devas e Adalberto, João Haroldo vai contar também com os espoca urna Osvaldinho Damasceno e Vinícius do DR. Ninguém segura.

Gritaria e dedo na cara

Não terminou de forma amistosa a reunião entre Marcus Brandão, negociador político do Grupo Brandão, e Márcio Jerry, o chefe da Barrosada. Jerry cobrou o cumprimento do tal acordo firmado em 2016 que elevaria o mano João Haroldo à condição de candidato do grupão em Colinas. Marcus, por sua vez, negou o tal acordo e esfregou na cara do deputado pesquisas que colocam Renato com pelo menos 30 pontos à frente de todos os pré-candidatos.

O anúncio

Após a reunião infrutífera entre os dois, Marcus teria ligado para a prefeita Valmira Miranda e a autorizado gravar vídeo declarando apoio ao vereador Renato Santos e anunciando até a amiga Valberlene como vice.

Nem mel, nem cabaça

Com a chapa formada com Renato prefeito e Valberlene vice, os Brandão praticamente fecharam as portas para a manutenção da aliança com os Barroso. Nem apoio ao João Haroldo prefeito e nem vaga de vice para a família.

Como perguntar não ofende…

Na campanha, no palanque, João Haroldo e companheiros vão criticar a gestão Valmira da qual fizeram parte até ontem?